Um estudo inédito revelou que a relação entre professores e alunos exerce uma influência significativa no desenvolvimento de um propósito de vida para os estudantes. A pesquisa, conduzida pelo Instituto Ânima em colaboração com o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação e Economia Social da Universidade de São Paulo (Lepes/USP), analisou dados de aproximadamente 500 mil respostas de profissionais de educação e alunos da rede pública de ensino em cinco estados brasileiros: Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pará e São Paulo.

A coleta de dados foi realizada em três etapas, com duas sondagens em 2023 e a última no ano seguinte. Os resultados indicam que estudantes que mantêm uma relação de confiança com seus professores apresentam melhores indicadores de propósito de vida.

Além da relação com os educadores, a pesquisa destaca a importância do apoio familiar na construção do propósito de vida dos jovens. O estudo, intitulado Avaliação Diagnóstica: Pesquisa com Professores e Estudantes sobre Projeto de Vida, Saúde Mental, Clima Escolar e Competências Socioemocionais, demonstra que jovens que se sentem à vontade para compartilhar seus sentimentos com seus professores têm uma média de propósito de vida 16% maior do que aqueles que não contam com esse suporte. O impacto do apoio familiar é ainda maior, com um aumento de 20% na média de propósito de vida entre estudantes que se sentem à vontade para conversar com seus familiares sobre suas emoções.

A pesquisa focou principalmente em alunos do ensino médio, mas também incluiu estudantes do oitavo e nono anos do ensino fundamental.

Ao analisar a relação entre saúde mental e propósito de vida, o estudo constatou que, mesmo entre jovens com indicadores semelhantes de saúde mental, aqueles que podem contar com o apoio de seus professores apresentam um propósito de vida até 30% maior.

O estudo identificou fatores de risco à saúde mental dos estudantes que podem impactar negativamente o desenvolvimento de seus propósitos de vida. Entre eles, destacam-se a pressão dos estudos (29%), o bullying (26%), a pressão para atender a padrões de beleza (24%), a preocupação com a situação financeira familiar (21%), a solidão (16%) e a influência das redes sociais (13%).

A pesquisa também mapeou os fatores que mais contribuem para o desenvolvimento do propósito de vida dos estudantes. As competências socioemocionais, como a convivência respeitosa, a tomada de decisões conscientes e o gerenciamento das emoções, lideram com 54,9%, seguidas pela qualidade da relação com o professor (14,7%), saúde mental (14,5%), apoio familiar (11%) e características individuais (4,7%).

Os educadores também foram avaliados, com foco em sua atuação docente e propósito de trabalho. Os resultados mostram que a saúde mental e a autoeficácia são os elementos que mais influenciam o propósito do professor no trabalho e seu engajamento.

O estudo está ligado ao projeto Papo de Cabeça, uma iniciativa do Instituto Ânima e da Fundação Z Zurich, que visa promover o desenvolvimento de competências socioemocionais, apoiar o desenvolvimento de projetos de vida e fortalecer a comunidade escolar. O projeto oferece cursos de pós-graduação e extensão sobre educação socioemocional para profissionais da área, buscando capacitá-los a trabalhar a relação com os estudantes e a promover um ambiente escolar mais acolhedor.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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