Em um discurso proferido na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o Brasil lançará oficialmente um novo modelo internacional de financiamento climático durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), agendada para começar em 10 de novembro em Belém. O objetivo é impulsionar a conservação dos recursos naturais em escala global.

Lula enfatizou que o “Fundo Florestas Tropicais para Sempre”, a ser apresentado na COP30, tem como propósito remunerar os serviços ecossistêmicos essenciais prestados ao planeta. Ele também destacou o papel crucial das universidades no enfrentamento da crise climática, ressaltando a importância de se dar atenção urgente aos alertas emitidos sobre os riscos ambientais que ameaçam o planeta.

O governo federal considera essa iniciativa uma alternativa crucial diante da escassez de recursos destinados a uma transição energética justa e planejada, especialmente após uma década da assinatura do Acordo de Paris, um tratado internacional de 2015 com o objetivo de combater as mudanças climáticas e seus impactos.

O presidente expressou preocupação com a busca por lucros ilimitados em detrimento do cuidado com o planeta Terra. Ele alertou que as mudanças climáticas podem empurrar 132 milhões de pessoas adicionais para a extrema pobreza até 2030. Ele ressaltou que, uma década após o Acordo de Paris, ainda faltam recursos para uma transição justa e planejada, e, mais importante, tempo para corrigir o curso.

O “Fundo Florestas Tropicais para Sempre” visa remunerar os países que asseguram a preservação das florestas tropicais. Em setembro, em Nova York, o presidente anunciou um investimento brasileiro de US$ 1 bilhão nesse fundo. Mais de 70 países em desenvolvimento, detentores de florestas tropicais, poderão ser beneficiados por meio desse mecanismo proposto pelo Brasil.

Aproximando-se da primeira conferência sobre mudanças climáticas no bioma amazônico, o presidente brasileiro reafirmou o compromisso do Brasil na luta contra as mudanças climáticas, referindo-se à COP30 como a “COP da verdade”. Lula defendeu a superação da ganância extrativista e a tomada de decisões baseadas na ciência.

Em seu discurso, Lula criticou o fato de que menos de 70 países apresentaram novas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Ele cobrou um maior envolvimento global no combate às mudanças climáticas, lamentando que, entre os maiores poluidores, apenas 14 países tenham cumprido suas obrigações.

O presidente expressou a percepção de que o limite de aquecimento global estabelecido em 2015, de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, provavelmente será ultrapassado. Ele advertiu que, mesmo que as atuais NDCs sejam cumpridas, o planeta excederá esse limite, alertando para a transformação irreversível dos ecossistemas globais, um cenário conhecido como “ponto de não retorno”.

Lula enfatizou que a mortalidade generalizada dos recifes de corais de águas quentes pode representar o primeiro ponto de não retorno ultrapassado pela humanidade, e que a destruição das florestas tropicais é um ponto de não retorno que deve ser evitado a todo custo.

Ele concluiu sua fala destacando que 30 milhões de pessoas vivem na Amazônia brasileira e têm o direito de viver com dignidade.

O presidente permanece na Malásia até a terça-feira, onde participará de encontros com empresários do país e da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Existe a possibilidade de uma reunião com o presidente dos Estados Unidos para discutir questões relacionadas a tarifas sobre produtos brasileiros importados por empresas norte-americanas.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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