Fotos-Nilton Ramos
Editora-assistente do Itapevi Agora
“E eu quero ver a Eletropaulo vir aqui tirar essa ligação”, desafiou Bolor.
A ligação clandestina está à vista de todos na praça José Carlos da Silva. Foi feita no poste IVI 39/167 com um par de fios verdes ligados à rede da Eletropaulo, que entram numa “bengala” de plástico preto, fixada no poste com bra-çadeiras. Daí segue para o poste de iluminação que fica no centro da praça.
Segundo Bolor, a Prefeitura fez a troca de poste, colocou as lâmpadas e a caixa de luz e durante três meses aguardou a Eletropaulo fazer a ligação. Ele alegou que mandou fazer a ligação porque cansou de esperar que a concessionária fizesse o serviço.
Com essa declaração, Bolor — que é bacharel em Direito — confessou a prática do crime de furto de energia elétrica, previsto no artigo 155, parágrafo 3º, do Código Penal, com pena de reclusão de um a quatro anos e multa.
A confissão foi feita pelo vereador durante a discussão de um requerimento de sua autoria dirigido à Eletro-paulo, solicitando reparos na iluminação pública nas ruas Nélson Ferreira da Costa e Sideral, em Vitápolis.
O vereador criticou o desempenho da Eletropaulo, mas em seguida observou que a Prefeitura dispõe do dinheiro da CIP (Contribuição de Iluminação Pública), criada pelo município em dezembro de 2002 e cobrada em todas as contas de luz desde abril de 2003.
Atualmente, o valor da contribuição é de R$ 12,36. A arrecadação é repassada pela Eletropaulo à Prefeitura e, segundo informações, é de aproximadamente R$ 200 mil mensais.
De acordo com a lei municipal, esse valor deve ser aplicado exclusivamente ao custeio do fornecimento de energia elétrica para a iluminação pública, manutenção, melhoramento e expansão do sistema.
Entretanto, os últimos investimentos da Prefeitura na expansão da iluminação pública foram feitos em 2005, não se registrando nenhum gasto com essa finalidade de 2006 para cá.
O vereador Antônio Rodrigues da Silva (PP), Tonhão do Suburbano, indagou para onde estão indo os recursos arrecadados da CIP.
Bolor prosseguiu, fazendo também cobranças à Prefeitura:
“De novo a Eletropaulo está tratando a cidade de Itapevi com desdém e com uma falta de respeito muito grande. Já fizemos moção de repúdio, já comunicamos à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e solicitamos também à Prefeitura que assuma de uma vez esse problema de iluminação pública. Isso é de competência do Poder Executivo. Já foi falado que dinheiro para isso tem. Temos a CIP (Contribuição de Iluminação Pública) e de cada munícipe é descontado um valor para ser feito, para pagar a conta de iluminação pública e fazer novos investimentos.”
Tonhão do Suburbano responsabilizou tanto a Eletropaulo quando a Prefeitura. E questionou a Prefeitura de forma mais incisiva sobre o destino da “verbinha” da CIP que todos os munícipes pagam através das contas de luz.
“A Eletropaulo tem culpa? Tem, mas o Executivo também tem. Os dois têm culpa. Aquela verbinha que vem na conta de luz do munícipe é gasta aonde? Ninguém sabe onde. Então o Executivo também tem culpa. O vereador esta correndo atrás da Eletropaulo, mas quem tem que correr atrás é o Executivo, porque o recurso vai para a Prefeitura. Os dois têm culpa, mas só quem paga são os munícipes desta cidade”, disse Tonhão do Suburbano, indignado.
O vereador Evangelista Azevedo Limas (PV) concordou com Tonhão e cobrou da Prefeitura a uma solução para a falta de iluminação pública no Terminal Rodoviário do Centro.
“Concordo com o Tonhão, porque o município também precisa cumprir com a sua parte. Há mais de um ano pedimos para colocar lâmpadas no Terminal Rodoviário para resolver aquela situação e aquilo é obrigação do município”, afirmou.