A Operação Contenção, que resultou em aproximadamente 120 mortes, está sendo comparada ao Massacre do Carandiru pela presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Dani Monteiro. A declaração foi feita durante um atendimento da comissão para acompanhar os desdobramentos da ação policial nos complexos do Alemão e da Penha, realizado em parceria com diversas instituições.
“Se esses dados se confirmam, tem uma violação maior que o Carandiru. Então, se torna a maior violação cometida pelo Estado na história da nossa redemocratização”, afirmou a deputada.
O Massacre do Carandiru, ocorrido em 2 de outubro de 1992, resultou na morte de 111 detentos durante uma intervenção da Polícia Militar de São Paulo para conter uma rebelião.
Dani Monteiro enfatizou que a Organização das Nações Unidas (ONU) solicitou esclarecimentos ao Estado brasileiro sobre a operação. Segundo ela, o Brasil possui um histórico de julgamentos e condenações por violações de direitos humanos em operações semelhantes.
A presidente da CDDHC da Alerj defende que operações policiais como a realizada recentemente deveriam ser precedidas de investigação para confirmar o envolvimento das vítimas com o crime organizado. Ela também mencionou que o uso de câmeras corporais por policiais poderia confirmar uma reação violenta por parte de suspeitos, o que justificaria o uso da força.
A parlamentar acompanha de perto o deslocamento dos familiares e dos corpos no Complexo da Penha, destacando a importância de autópsias e investigações para confirmar o envolvimento das vítimas com o crime organizado. Segundo ela, o que existe no momento são especulações.
A Comissão de Direitos Humanos está prestando suporte aos familiares das vítimas. A deputada informou que não há representantes do governo estadual nas comunidades, e que os próprios moradores estão removendo os corpos da mata e dos becos para o Instituto Médico Legal (IML). Dani Monteiro ressalta a importância de perícias no local e exames de balística.
A comissão já enviou ofícios ao Ministério Público do Estado, à Polícia Civil, à Polícia Militar e ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), solicitando informações sobre o planejamento, a execução e as responsabilidades pela ação, com especial atenção ao uso da força.
“O que vimos no Alemão e na Penha é o retrato de um Estado que perdeu qualquer limite”, disse a presidente da comissão. “Virar a madrugada contando corpos não pode ser rotina de um Estado de direito sem pena de morte. O Rio precisa de justiça, não de chacinas eleitoreiras fantasiadas de operação policial”. A CDDHC manifestou solidariedade aos familiares dos policiais mortos, reafirmando que todas as vidas importam e que a violência não pode ser política pública de governo.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br



