O depoimento do médico psiquiatra Rafael Pascon dos Santos, detido sob suspeita de importunação sexual e estupro, sofreu um revés nesta quinta-feira. A audiência, agendada para ocorrer por videoconferência, foi adiada devido a uma queda de energia na Penitenciária de Gália, no interior de São Paulo, onde o médico está detido preventivamente.
O depoimento, considerado crucial para a fase final do inquérito, estava previsto para ser colhido pela delegada responsável pelo caso na tarde desta quinta-feira. Diante do imprevisto, a audiência foi remarcada para a manhã desta sexta-feira.
Rafael Pascon dos Santos foi preso no dia 22 de outubro, em Marília, após investigações da Polícia Civil em seu domicílio e local de trabalho. Ele se apresentou às autoridades acompanhado de seus advogados. O médico atuava em uma clínica particular em Marília e no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Garça.
Até o momento, foram registradas ao menos 29 denúncias contra o psiquiatra, em Marília, Garça e Lins. As vítimas variam em idade, desde 17 até 65 anos. As acusações incluem casos de importunação sexual e estupro de vulnerável, remontando a 2018.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou que instaurou uma sindicância para apurar o caso, que corre sob sigilo.
A Prefeitura de Garça comunicou o afastamento do médico após a divulgação das denúncias, formalizando o pedido até a conclusão das investigações. O departamento jurídico da associação responsável pela contratação do médico informou que determinou a rescisão do contrato de trabalho.
A defesa de Rafael Pascon dos Santos manifestou perplexidade com a decretação da prisão preventiva, considerando-a uma medida extrema e desnecessária. A defesa alega que o médico sempre se colocou à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e que a Justiça reconhecerá a inexistência de elementos concretos que justifiquem a prisão, restabelecendo sua liberdade.
Em Marília, uma das vítimas relatou ter sido estuprada pelo médico durante uma consulta em agosto de 2024. A mulher, que preferiu não se identificar, detalhou o abuso ocorrido no consultório particular do suspeito.
Em Garça, uma das vítimas, de 65 anos, relatou que os abusos aconteceram em 2018, durante consultas no Caps do município. Ela afirmou que o profissional começou a ter comportamentos inapropriados, como abraços e gestos de intimidade, chegando a segurá-la contra o corpo e encostar a boca em seu pescoço para “inalar o seu perfume”. Outras vítimas relataram casos de beijos forçados e comentários inapropriados.
Fonte: g1.globo.com



