Megaoperações policiais, como a recente ação nos complexos da Penha e do Alemão, não demonstram eficácia na redução do poder do crime organizado, segundo especialistas. A avaliação é da advogada criminalista Lorena Pontes, que argumenta que essas operações isoladas não conseguem atacar as raízes profundas do crime, as quais demandam políticas públicas integradas e prevenção social.

De acordo com a especialista, o crime organizado é estruturado e envolve redes econômicas e sociais complexas, o que exige uma articulação entre as esferas federal, estadual e municipal para ser combatido de forma eficiente.

A operação mencionada resultou em um alto número de mortos: 121 no total, sendo 117 civis e 4 policiais. Além disso, 113 pessoas foram presas e 118 armas foram apreendidas, das quais 91 eram fuzis. A ação é classificada como a mais letal do país. Para Lorena Pontes, o Estado não deve medir o sucesso de suas ações pela letalidade, uma vez que megaoperações policiais geram riscos de abuso e violações dos direitos humanos. Ela também aponta para uma autonomia histórica das polícias do Rio de Janeiro, o que pode trazer eficiência em ações rápidas, mas também riscos de descoordenação com políticas públicas e fiscalização limitada.

Para o advogado Bruno Medeiros Durão, as operações policiais geram consequências que vão além do impacto imediato no trânsito e na segurança. O fechamento de vias, a suspensão de serviços e o impacto na logística causam perdas fiscais e tributárias significativas para o estado e o município. Durão, especialista em Direito Tributário, ressalta que os impactos das megaoperações são incalculáveis, atingem o ecossistema social da cidade e minam oportunidades de negócios, criação de empregos e geração de renda.

Segundo ele, a instabilidade afasta investimentos e aumenta os custos de segurança para o contribuinte. Do ponto de vista tributário, a paz social é essencial para o desenvolvimento econômico, um requisito que o Rio de Janeiro frequentemente não consegue atender.

Um levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e do Banco Internacional de Desenvolvimento (BID) indica que o estado do Rio de Janeiro perde cerca de R$11,5 bilhões por ano devido a crimes violentos, o que representa aproximadamente 0,9% do PIB estadual.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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