No Rio de Janeiro, a confeiteira Tauã Brito, de 36 anos, enfrenta a dor da perda de seu filho Wellington, de 20 anos, em meio à controvérsia em torno da operação policial nos complexos da Penha e do Alemão. A ação, realizada na última terça-feira, resultou em 121 mortes e é considerada a mais letal da história do estado.

Em entrevista, Tauã, moradora da zona norte do Rio, compartilhou as últimas palavras trocadas com o filho e denunciou as circunstâncias de sua morte. Segundo ela, encontrou o corpo de Wellington com as mãos amarradas, sugerindo que ele já estava rendido quando foi morto.

“Se um policial conseguiu chegar no meu filho, amarrar o braço dele e dar uma facada nele, é porque ele não oferecia mais perigo. Então, por que não levou preso? No Brasil, não tem pena de morte. Se a pessoa não oferece perigo, tem que ser presa”, questiona Tauã, que classificou a operação como um massacre.

Mãe solo, Tauã criou Wellington desde os 15 anos, batalhando como garçonete e vendedora para garantir que ele concluísse os estudos e conseguisse um emprego como jovem aprendiz. Ela descreve o filho como uma criança amada, brincalhona e estudiosa.

A irmã de Wellington, de 7 anos, também compartilhou lembranças carinhosas do irmão, mencionando brincadeiras, passeios e momentos de diversão que compartilhavam juntos.

Tauã relata que a adolescência trouxe preocupações, quando Wellington foi cooptado pelo tráfico de drogas. Ela tentou convencê-lo a mudar de vida e sair da comunidade, mas ele se recusou.

Na madrugada da operação, Tauã trocou mensagens com o filho, implorando para que ficasse em casa e oferecendo ajuda para uma possível rendição. No entanto, Wellington já estava na mata, na Serra da Misericórdia, cercado por policiais. Tauã tentou ir até ele, mas foi impedida.

Naquela noite, ela buscou ajuda da imprensa para entrar na mata, mas não obteve sucesso. Após a saída dos policiais, Tauã e o pai de Wellington encontraram o corpo do jovem com as mãos amarradas, um corte no braço e um tiro na cabeça.

Tauã reconhece o envolvimento do filho com o crime, mas ressalta que ele tinha o direito de se entregar e ser preso. Ela lamenta a falta de oportunidades e políticas públicas para os jovens de favela, que acabam sendo atraídos pelo crime.

“A minha guerra acabou, mas tem muitas mães pedindo socorro para seus filhos, e minha luta será por eles também”, afirma Tauã, que busca transformar o luto em denúncia, para que as circunstâncias da operação sejam esclarecidas e para que outros jovens não sejam iludidos pelo crime organizado.

Autoridades da segurança pública do Rio de Janeiro consideraram a operação um sucesso, afirmando que os mortos foram os que tentaram matar os policiais. No entanto, entidades de defesa dos direitos humanos e movimentos de favelas classificaram a ação como “chacina” e “massacre”, cobrando uma investigação independente.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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