Moradores do Rio de Janeiro enfrentaram momentos de terror durante uma operação policial nos Complexos da Penha e do Alemão. A ação resultou em dezenas de mortos e presos, além de impactar a mobilidade urbana e gerar pânico na população.
O caos se instalou com bloqueios de vias e intensos tiroteios, dificultando o trajeto de milhares de pessoas em direção a suas casas. Estações de metrô e pontos de ônibus ficaram superlotados, enquanto a Polícia Militar (PM) reportava ordens de criminosos da facção Comando Vermelho para impedir o trânsito nas principais ruas da cidade.
Em meio ao fogo cruzado, a professora Marise Flor se viu no meio de um tiroteio ao tentar pegar um ônibus para casa. Seu filho tentou resgatá-la, mas os bloqueios o impediram. Forçada a descer na estação Outeiro Santo, na Transolímpica, em Jacarepaguá, devido às barricadas criminosas, ela presenciou a chegada da PM, que dispersou os moradores com disparos. “Entrei na estação de volta por baixo da roleta para me esconder dos tiros”, relatou. Após a confusão, conseguiu um carro de aplicativo e, finalmente, o encontro com o filho a levou para casa. O trauma deixou marcas: “Em seguida, desabei. Tive uma crise de choro”.
No Engenho Novo, a atendente de um quiosque de sorvete, Mariana Colbert, grávida de 4 meses, narrou que as ruas já estavam bloqueadas desde as 8h30. Três ônibus foram usados como barricadas, somando-se aos mais de 50 veículos empregados para fechar vias em toda a cidade. A jovem precisou caminhar até Inhaúma para encontrar um ônibus que a levasse ao trabalho. O motorista alterou a rota para evitar a comunidade dominada pelo Comando Vermelho, alvo da operação. “Levei uma hora para chegar ao trabalho, mas ainda consegui chegar. Muita gente não foi trabalhar, muitas lojas ficaram fechadas. Quando deu 16h fui liberada. Peguei um Uber, que estava mais caro, mas consegui chegar rápido em casa. Quando voltei, a pista já estava liberada e tinha muita polícia nas ruas”, descreveu.
A operação, considerada a maior em 15 anos, mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares nos Complexos do Alemão e da Penha. O objetivo era capturar líderes criminosos e conter a expansão territorial do Comando Vermelho. No entanto, com um número alarmante de mortos, a ação se tornou a mais letal, ultrapassando a operação no Jacarezinho, que registrou 28 mortes em 2021.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br



