Especialistas apontam que o preconceito baseado na idade, conhecido como etarismo, é uma realidade presente em diversos aspectos da sociedade, desde o mercado de trabalho até a área da saúde. Essa discriminação, que afeta principalmente os idosos, se manifesta na exclusão de profissionais mais experientes, na desvalorização de suas queixas médicas e na propagação de estereótipos negativos.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um aumento significativo da população idosa no Brasil. Entre 2000 e 2023, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais quase dobrou, passando de 8,7% para 15,6%, o que representa um salto de 15,2 milhões para 33 milhões de indivíduos. As projeções indicam que, em 2070, os idosos corresponderão a quase 40% da população brasileira, totalizando 75,3 milhões de pessoas.
A fisioterapeuta Isabela Azevedo Trindade, presidente do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), destaca que a mídia frequentemente retrata os idosos de forma estereotipada, como frágeis e dependentes. Essa visão negativa, somada à infantilização e à desconsideração da autonomia dos idosos no âmbito familiar, contribui para que eles internalizem o preconceito e se sintam incapazes.
Para combater o etarismo, Trindade propõe a promoção do relacionamento intergeracional, incentivando o convívio e a troca de experiências entre pessoas de diferentes idades. Ela sugere incluir a temática do envelhecimento na mídia, mostrando idosos ativos e produtivos, capacitar profissionais da saúde para evitar atitudes etaristas e fomentar políticas públicas que garantam a inclusão social e a empregabilidade de pessoas idosas.
A especialista também ressalta a importância de adotar hábitos saudáveis em todas as fases da vida, como praticar atividade física, ter uma alimentação equilibrada e garantir um sono adequado. Além disso, é fundamental desmistificar a ideia de que a velhice representa o fim da vida afetiva e sexual, reconhecendo que a afetividade e o desejo são inerentes a todas as idades.
O secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva, enfatiza que o enfrentamento ao etarismo passa pela cultura e pela educação. Ele defende que é preciso ensinar às crianças a importância de valorizar o envelhecimento, para que elas não reproduzam preconceitos contra os idosos.
Nesse sentido, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) lançou a revista em quadrinhos “Turma da Mônica em: Intergeracionalidade”, que busca promover o diálogo entre gerações, abordando temas como diversidade, respeito e etarismo. A iniciativa visa aproximar jovens e idosos, desconstruindo estereótipos e valorizando a experiência dos mais velhos.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br



