O grupo francês de varejo Carrefour emitiu um pedido formal de desculpas aos produtores de carne brasileiros, após declarações do CEO Alexandre Bompard que geraram indignação no setor agropecuário do Brasil. Na semana passada, Bompard havia afirmado que a carne produzida no Brasil não atenderia às normas europeias, o que desencadeou uma reação imediata de boicote por parte de fornecedores brasileiros.
Nesta terça-feira (26), o presidente global do Carrefour enviou uma carta ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, reconhecendo o equívoco em sua comunicação e exaltando a qualidade da carne brasileira.
“Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito às normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas”, afirmou Bompard.
Crise e Repercussão
A polêmica começou quando Alexandre Bompard divulgou, em uma rede social, uma carta aos produtores franceses prometendo suspender a compra de carne de países do Mercosul nos mercados franceses. A medida, apresentada como uma estratégia para fortalecer o setor pecuário francês, foi recebida como um ataque à carne brasileira, considerada uma das mais reconhecidas mundialmente em qualidade e sustentabilidade.
O frigorífico Masterboi, que fornece entre 400 e 450 toneladas de carne por mês ao Carrefour no Brasil, anunciou a suspensão das entregas no fim de semana como parte do boicote. No entanto, após a retratação do CEO, as entregas foram retomadas nesta terça-feira.
Segundo o Carrefour Brasil, não houve impacto no abastecimento de carne durante o período de suspensão. Em comunicado, a empresa destacou que “o cronograma de entregas de produtos de carnes bovinas foi retomado, e a Companhia espera a normalização do reabastecimento de tais produtos no decorrer dos próximos dias”.
Respostas e Declarações
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) elogiou a retratação, destacando a relevância global da carne brasileira:
“O Mapa enaltece o trabalho desempenhado pelo setor, a gestão ativa das associações e seus associados na defesa de uma produção de excelência que chega às mesas de consumidores em mais de 160 países do mundo.”
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) também expressou satisfação com a retratação e reforçou o compromisso do Brasil com os mais altos padrões de qualidade e sustentabilidade.
Por outro lado, a reação inicial do setor foi marcada por duras críticas. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Tirso Meirelles, classificou a decisão do Carrefour França como “protecionista”, enfatizando o avanço do Brasil na integração entre lavoura, pecuária e floresta para garantir sustentabilidade e qualidade na produção.
Justificativa do Carrefour França
Em nota enviada à Agência Brasil, o Carrefour afirmou que a decisão de priorizar a carne francesa foi motivada pela necessidade de apoiar os produtores locais, que enfrentam uma grave crise econômica:
“A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes.”
Conclusão
A retratação marca um ponto de alívio na relação entre o Carrefour e os produtores brasileiros, reforçando a relevância do agronegócio nacional no mercado global. Contudo, a crise serviu como alerta para o impacto de discursos que possam ser interpretados como desvalorização de um setor reconhecido internacionalmente.
fonte: Agência Brasil