A cidade de Jandira, na Grande São Paulo, foi um dos alvos centrais da Operação Hammare, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em conjunto com o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (GAECO), na manhã desta segunda-feira (24). A ação tem como objetivo desarticular uma organização criminosa especializada em roubos de cargas e caminhões, além de desmanche, receptação e lavagem de dinheiro em diversos estados do país.
Durante os cumprimentos dos mandados em Jandira, os agentes da PF encontraram uma Ferrari e mais de R$ 530 mil em dinheiro vivo na residência de Fabrício Pimentel Azevedo Silva, apontado como um dos chefes do esquema criminoso. Ele foi preso na cidade e, segundo as investigações, atuava diretamente na logística pós-roubo dos caminhões.
A operação é resultado de uma investigação iniciada após um roubo de carga em Cajamar, ocorrido em julho de 2023, e que vem sendo conduzida pela Delegacia da Polícia Federal em Campinas. Desde então, foi possível identificar o envolvimento do grupo em mais de 50 roubos de caminhões entre os anos de 2021 e 2024.
No total, a Justiça expediu 17 mandados de prisão temporária e 24 de busca e apreensão, sendo R$ 70 milhões em bens e valores bloqueados. Até as 8h30 desta segunda, pelo menos 16 pessoas já haviam sido presas. As ordens judiciais foram expedidas pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Cajamar.
Além de Jandira, outras cidades da Grande São Paulo como Osasco, Guarulhos, Embu das Artes e Itapecerica da Serra também foram alvos da operação. A ofensiva se estendeu ainda para outros estados: Paraná, Rondônia e Rio Grande do Sul.
As investigações revelaram que os líderes da quadrilha mantinham um estilo de vida de luxo, com posse de veículos como Ferrari e Lamborghini, além de lanchas, jet skis e imóveis de alto padrão, frequentando inclusive camarotes VIP em eventos e shows.
A estrutura do grupo era dividida em três núcleos principais: roubo, desmanche e receptação. Por meio de empresas de fachada, os criminosos revendiam peças, motores e caminhões inteiros, muitos já encomendados conforme modelo e tipo.
O nome Operação Hammare é uma referência à palavra sueca que significa “martelo”, instrumento utilizado pelos criminosos para quebrar os vidros das cabines dos caminhões durante os roubos, principalmente quando os motoristas estavam descansando. A escolha do nome também remete ao foco da quadrilha em caminhões de marcas suecas.
Em uma cidade de Rondônia, a PF localizou um verdadeiro cemitério de carcaças de caminhões, todos relacionados à atividade da organização.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também participou da operação, reforçando a integração entre forças no combate ao crime organizado interestadual.
A investigação segue em andamento e novas prisões não estão descartadas.