A Federação dos Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) emitiu um alerta nesta semana sobre os possíveis impactos negativos ao setor de Turismo caso o governo brasileiro confirme o retorno da exigência de visto para turistas dos Estados Unidos, Canadá e Austrália. A medida está prevista para ser oficializada nesta quinta-feira (10/4) e seria uma resposta diplomática ao tarifaço imposto pelo ex-presidente americano Donald Trump, do Partido Republicano.
Segundo a Fhoresp, o retorno da exigência pode afastar visitantes e prejudicar diretamente setores como hotéis, bares, restaurantes, agências de turismo e atividades de lazer, além de afetar negativamente o trabalho da Embratur, responsável pela promoção internacional do turismo brasileiro.
Turismo pode sair no prejuízo
Desde 2019, os turistas desses três países não precisam de visto para entrar no Brasil. A isenção foi instituída por decreto presidencial no governo de Jair Bolsonaro (PL), embora brasileiros ainda precisem de visto para visitar os Estados Unidos, por exemplo. A medida beneficiou diversos setores, uma vez que a burocracia e o custo do visto são fatores que muitas vezes desestimulam viagens.
De acordo com Edson Pinto, diretor-executivo da Fhoresp, a retaliação brasileira às tarifas impostas por Trump pode acabar penalizando o próprio País. “Com esta obrigatoriedade de visto no Brasil, vamos perder visitantes para outros países. Isso vai influenciar no faturamento do Turismo, e falo em hotéis, restaurantes, bares e atividades de recreação e lazer — o trade como um todo”, afirmou.
Pinto também destaca que o Brasil, que ainda não supera a marca de 7 milhões de turistas internacionais ao ano, vai perder competitividade frente a países como México (com cerca de 20 milhões de visitantes/ano), Colômbia, Chile, Peru, Costa Rica e Argentina, que não exigem visto de americanos e canadenses.
Burocracia e custos como barreira
Caso a medida se concretize, os turistas dos EUA, Canadá e Austrália precisarão solicitar um visto on-line, ao custo de US$ 80,90, com limite de permanência de até 90 dias em solo brasileiro.
A Fhoresp chama atenção para o desequilíbrio entre o desempenho do Turismo brasileiro e o de países já consolidados no setor. A França recebe 100 milhões de turistas ao ano, enquanto os Estados Unidos recebem 70 milhões — números que contrastam fortemente com o cenário brasileiro.
“O governo federal está misturando alhos com bugalhos; taxa com visto! Isso é catastrófico! É preciso que o Brasil compreenda o momento político norte-americano, exerça sua diplomacia e defenda os interesses nacionais, mas a análise deve ser ampla e aprofundada, para que o Turismo não pague o preço e saia no prejuízo”, finaliza Edson Pinto.
A Fhoresp segue acompanhando os desdobramentos e reforça a necessidade de diálogo entre o governo federal e os setores diretamente impactados pela medida.