A Rodovia Raposo Tavares, eixo vital de ligação entre a Região Metropolitana de São Paulo e o interior do estado, está prestes a passar por uma transformação histórica. Nesta quinta-feira (28), a EcoRodovias Concessões e Serviços arrematou o Lote Nova Raposo em leilão realizado na B3, em São Paulo, com uma oferta de R$ 2,1 bilhões – um ágio surpreendente de 47.117,67% em relação ao lance mínimo de R$ 4,6 milhões.
A concessão abrange investimentos de R$ 7,9 bilhões ao longo de 30 anos, com destaque para intervenções no trecho urbano entre Cotia e São Paulo, uma das áreas mais congestionadas e perigosas do estado. A cidade de Cotia, estrategicamente situada no epicentro do projeto, será diretamente beneficiada com a criação de 40 quilômetros de vias marginais, novas passarelas e dispositivos que prometem melhorar a segurança e a fluidez do trânsito.
Exclusividade para Cotia e a Justiça Tarifária
O foco na modernização do trecho Cotia-São Paulo é evidente. Além da construção de vias marginais, as melhorias incluem pontos de ônibus mais seguros e iluminação urbana, garantindo uma melhor integração entre veículos, pedestres e ciclistas. Para os moradores, as mudanças devem representar mais que infraestrutura; significam maior qualidade de vida.
Entretanto, o projeto traz um debate acirrado sobre a cobrança de pedágios futuros. A implementação do sistema free flow, que cobra apenas pelo trecho percorrido, promete justiça tarifária e redução de custos para motoristas frequentes. O desconto de até 20% para quem utiliza a rodovia com frequência é um alívio esperado por muitos.
Por outro lado, há preocupações sobre o impacto financeiro do pedágio no trecho Cotia-São Paulo. O modelo prevê cobrança apenas nas vias expressas, após a conclusão das marginais – estimada para o oitavo ano de concessão. Moradores e empresários locais estão atentos à possibilidade de onerar ainda mais o transporte, especialmente para aqueles que dependem da rodovia diariamente.
O Lote Nova Raposo inclui melhorias que vão além de Cotia, beneficiando outros nove municípios, como Itapevi, Barueri e Osasco. Entre as intervenções, destacam-se novas alças de acesso em pontos críticos, monitoramento por câmeras e redução tarifária nas praças de pedágio existentes na Rodovia Castello Branco.
O governador Tarcísio de Freitas defendeu o projeto como parte da iniciativa São Paulo na Direção Certa, destacando a importância de parcerias público-privadas para reduzir o custo do estado e atrair investimentos privados. “Estamos entregando um legado de infraestrutura e prosperidade para São Paulo”, afirmou durante o leilão.
Ainda assim, moradores de Cotia expressam preocupação com os impactos das obras no cotidiano, como aumento temporário do trânsito e desapropriações. Além disso, o aumento na circulação de veículos pesados pode trazer desafios ambientais e estruturais para a região.
Uma Nova Era para a Raposo Tavares
Com a concessão da Nova Raposo, Cotia se posiciona como peça-chave no desenvolvimento regional. A promessa de maior segurança e fluidez no trânsito, aliada a um modelo de cobrança mais justo, traz esperanças para os usuários da rodovia. Porém, o sucesso do projeto dependerá do equilíbrio entre os benefícios prometidos e os custos gerados para a população.
Os próximos anos serão decisivos para definir se a Nova Raposo será um marco de desenvolvimento ou um novo capítulo de desafios para Cotia e os municípios vizinhos. Enquanto isso, a população aguarda com expectativa – e cautela – os impactos dessa transformação histórica.