Brasil Conectado: Pesquisa Revela Crescimento e Desigualdade no Acesso à Internet ao Longo de Duas Décadas

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A pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Centro Regional para o Desenvolvimento de Estudos sobre a Sociedade da Informação (Cetic.br), mostra que 85% das residências urbanas no Brasil têm acesso à internet. Já nas áreas rurais, o índice cai para 74%. Esses dados, revelados nesta quinta-feira (31) durante a Semana de Inovação promovida pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap), destacam o cenário atual da conectividade no país, celebrando 20 anos do estudo que monitora o acesso à informação e comunicação entre brasileiros.

Há duas décadas, o contexto era bem diferente: apenas 13% das residências urbanas tinham acesso à rede, e o número de usuários em áreas urbanas chegava a 24%. Hoje, 86% da população urbana está conectada, somando 141 milhões de pessoas. Esse aumento reflete mudanças significativas na forma de acesso, com a predominância dos smartphones substituindo antigos centros de conexão, como lan houses e internet cafés.

Entretanto, o estudo expõe desigualdades evidentes: enquanto 100% dos domicílios da classe A têm internet, nas classes D e E esse número é de 68%. Entre os 29 milhões de brasileiros que não utilizam a internet, 24 milhões vivem em áreas urbanas e 16 milhões estão nas classes D e E, sinalizando uma conexão fortemente atrelada às condições socioeconômicas e à localização geográfica.

Mudanças no Perfil de Acesso e Qualidade de Conectividade

Além das diferenças no acesso, a qualidade da conexão ainda é um desafio. Apenas 22% dos brasileiros têm conectividade significativa, ou seja, com acesso estável, banda larga fixa e múltiplos dispositivos. A desigualdade é clara: 73% dos indivíduos da classe A desfrutam de conectividade satisfatória, enquanto nas classes D e E esse índice é de apenas 3%.

Os dispositivos preferidos para acessar a internet também se transformaram. A TV é hoje o segundo dispositivo mais utilizado, atrás apenas do celular, com 60% dos brasileiros se conectando por meio dela. A tendência reflete o aumento no número de domicílios que utilizam a televisão para navegar, ultrapassando até mesmo o uso de computadores. Em áreas mais vulneráveis, no entanto, o celular permanece como a única via de acesso para muitos.

O Impacto da Inclusão Digital nos Serviços Públicos e no Comércio Eletrônico

O uso da internet para serviços públicos e comércio digital ganhou grande impulso nos últimos anos. Dos brasileiros que utilizam a rede, 46% acessaram serviços públicos relacionados a impostos e taxas. O comércio eletrônico também continua a crescer, com 46% dos usuários adquirindo produtos e serviços online em 2024, comparado aos 67 milhões registrados em 2022. A popularização do Pix reflete esse avanço, consolidando-se como o método de pagamento digital mais utilizado, superando o cartão de crédito.

Produtos como roupas, calçados e cosméticos são os preferidos nas compras online, com os consumidores cada vez mais utilizando aplicativos de lojas e marketplaces para realizar essas aquisições. Redes sociais também despontam como fontes de divulgação, com 41% dos brasileiros visualizando anúncios nesses canais.

Habilidades Digitais e Inclusão Digital

Outro aspecto relevante apontado pelo estudo é o desenvolvimento das habilidades digitais, que permanece desigual entre diferentes faixas etárias e níveis de escolaridade. Enquanto 80% dos usuários com ensino superior buscam verificar a veracidade de informações online, apenas 31% dos usuários com ensino fundamental fazem o mesmo. A familiaridade com o ambiente digital também inclui configurações de privacidade: 58% dos que têm ensino superior adotam essas medidas, comparado a 18% entre os com ensino fundamental.

O avanço do acesso à internet no Brasil ao longo das últimas duas décadas é uma conquista significativa, mas os desafios de inclusão e qualidade de conectividade revelam o quanto ainda há para evoluir. A pesquisa TIC Domicílios não apenas mapeia o acesso à tecnologia, mas reforça a importância de estratégias públicas e privadas para reduzir a desigualdade digital, tornando a internet um recurso verdadeiramente acessível e democrático para todos os brasileiros.

Fonte: Agência Brasil

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