A trágica morte de Tainara Souza Santos, ocorrida em 24 de dezembro, após um brutal atropelamento e arrastamento, acendeu um alerta e mobilizou o movimento Mulheres da Várzea. Para a organização, o feminicídio de Tainara transcende a individualidade da vítima, transformando-a em um potente símbolo de resistência, identidade e luta para as mulheres periféricas que vibrantemente ocupam os campos e arquibancadas do futebol amador paulista. A brutalidade do crime, que culminou em 25 dias de internação e cirurgias que incluíram a amputação das pernas, chocou a comunidade e reforçou a urgência de combater a violência de gênero. A demanda por justiça e por uma maior atenção governamental às periferias e às questões femininas é o cerne do clamor dessas mulheres, que veem em Tainara a representação de muitas batalhadoras de suas comunidades.

O brutal crime e o clamor por justiça

A tragédia de tainara souza santos

A vida de Tainara Souza Santos, de 31 anos, foi abruptamente interrompida em decorrência de um ato de extrema violência. No dia 29 de novembro, Tainara foi atropelada e arrastada por Douglas Alves da Silva, um ex-ficante, na Marginal Tietê. O crime ocorreu por volta das 6h da manhã, depois que Tainara deixou um bar no Parque Novo Mundo, na Zona Norte de São Paulo, onde havia passado a madrugada em um forró com uma amiga e outro rapaz. Douglas, movido por ciúmes, iniciou uma discussão com o grupo antes de cometer o ataque.

Testemunhas relatam que Douglas chegou ao forró e agrediu o acompanhante de Tainara. Ao sair do local, Tainara foi confrontada por ele, que já a esperava. Douglas entrou em um Volkswagen Golf preto e intencionalmente avançou com o veículo contra a vítima. Tainara caiu e ficou presa sob o carro, sendo arrastada por mais de um quilômetro pela Avenida Morvan Dias de Figueiredo até a Rua Manguari, nas proximidades da Marginal Tietê. Apesar das tentativas de testemunhas para impedir a fuga do agressor, ele acelerou em alta velocidade.

Após o incidente, Tainara foi hospitalizada em estado grave, passando 25 dias internada e submetendo-se a diversas cirurgias, incluindo a amputação das pernas, antes de falecer em 24 de dezembro. Douglas Alves da Silva, de 26 anos, foi preso no dia seguinte ao crime e permanece detido, com o caso sendo investigado como feminicídio. A mãe da vítima afirmou que Tainara não mantinha um relacionamento sério com o agressor.

A comoção e a mobilização das mulheres da várzea

A morte de Tainara Souza Santos gerou uma profunda comoção e uma resposta imediata do movimento Mulheres da Várzea. Sandra Aparecida Pereira, fundadora e presidente das Mulheres da Várzea Oficial de SP, ressaltou que Tainara não é apenas mais uma estatística, mas uma representação da “mulher varziana”: mãe, filha, batalhadora, alegre, assim como tantas outras mulheres das periferias. A identificação com Tainara foi imediata e intensa, dada a sua ativa participação na comunidade e no cenário do futebol de várzea.

Tainara era uma torcedora apaixonada do time Apache da Vila Maria, sendo uma figura constante e querida nas arquibancadas. “Ela estava sempre ali, torcendo, sorrindo, vestindo as cores do time. A Várzea era parte da vida dela, e ela fazia parte da vida da Várzea”, afirmou Sandra Pereira, destacando a conexão intrínseca de Tainara com esse universo.

A brutalidade do crime chocou os integrantes do movimento e a comunidade em geral. Sandra Pereira descreveu a violência como algo sem precedentes em seus anos de militância, impactando até mesmo policiais experientes envolvidos no caso. Em 13 de dezembro, em um ato de protesto e homenagem, o movimento Mulheres da Várzea organizou uma manifestação no local onde Tainara foi atropelada. Torcidas e agremiações se uniram, levando faixas e bandeiras para lembrar a vítima e clamar por justiça.

Tainara: um símbolo de resistência e o futuro da luta

A vida e o legado de tainara

Tainara Souza Santos é lembrada por seus amigos de infância como uma pessoa querida, alegre, doce e apaixonada pela dança. “Ela era muito querida, uma pessoa feliz, não via ela triste. Amava dançar e cantar, essa era a vibe dela. Eu estou acabada”, disse Edna Marinho, amiga da vítima, em declaração anterior ao falecimento de Tainara. Mãe de duas crianças, um menino de 12 anos e uma menina de 7, Tainara trabalhava de forma autônoma e era amplamente conhecida e amada em sua comunidade. O advogado da família, Wilson Zaska, reiterou que Tainara era uma batalhadora, muito amada por sua família e por suas amizades, com um espírito alegre. A tragédia comoveu profundamente toda a comunidade, que viu em Tainara uma de suas próprias filhas, dedicada e cheia de vida.

O apelo por políticas públicas e a campanha “vista lilás”

A ausência de respostas rápidas e eficazes do poder público reforçou a determinação do movimento Mulheres da Várzea em manter a memória de Tainara viva e transformá-la em um catalisador para mudanças. Sandra Pereira, em um apelo veemente, declarou: “A Tainara não vai ser esquecida. Ela vai continuar viva na nossa luta. Eu peço que os nossos governantes olhem para nós, mulheres, olhem para nossas periferias. Não compareçam só de 3 em 3 anos na hora de pedir voto. Porque ninguém aguenta mais. Isso é responsabilidade do governo, é responsabilidade do nosso país.”

O movimento Mulheres da Várzea, fundado em 2016, atua intensamente nas periferias, favelas e campos de futebol amador, levantando a bandeira contra a violência de gênero e promovendo o empoderamento feminino. Para o ano de 2026, a organização já planeja ampliar a campanha “Vista Lilás”, que tem como objetivo primordial pedir o fim da violência contra a mulher, buscando conscientizar e mobilizar a sociedade para essa causa crucial. A liderança do movimento enfatiza que a luta pela memória de Tainara é um marco. “A memória da Tainara não vai morrer. Ela virou um marco para a Várzea, para São Paulo e para o Brasil”, afirma Sandra Pereira, consolidando o legado de Tainara como um símbolo de resistência e um chamado urgente à ação contra o feminicídio.

Um legado de luta e um chamado à ação

O caso de Tainara Souza Santos é um doloroso lembrete da persistente e brutal realidade da violência de gênero no Brasil. Contudo, em meio à dor, a mobilização do movimento Mulheres da Várzea e o clamor por justiça transformam essa tragédia em um símbolo de resistência e esperança. A história de Tainara ecoa nas periferias e campos de futebol, impulsionando a luta por um futuro onde nenhuma mulher seja esquecida e onde a violência contra a mulher seja erradicada. É um apelo direto aos governantes e à sociedade para que olhem para as necessidades e direitos das mulheres, especialmente as mais vulneráveis, e implementem políticas públicas eficazes que garantam segurança, dignidade e justiça. A memória de Tainara vive na persistência dessas mulheres, que não se calam e continuam a clamar por um país mais justo e seguro para todas.

Perguntas frequentes sobre o caso tainara e o movimento mulheres da várzea

O que foi o feminicídio de tainara souza santos?

O feminicídio de Tainara Souza Santos refere-se ao crime brutal ocorrido em 29 de novembro, quando ela foi atropelada e arrastada por um ex-ficante, Douglas Alves da Silva, na Marginal Tietê. Após 25 dias de internação, cirurgias e a amputação das pernas, Tainara faleceu em 24 de dezembro. O agressor foi preso no dia seguinte ao crime, e o caso está sendo investigado como feminicídio.

Quem é o movimento mulheres da várzea e qual seu papel neste caso?

O Mulheres da Várzea é um movimento fundado em 2016, que atua em periferias, favelas e campos de futebol amador em São Paulo, levantando a bandeira contra a violência de gênero e promovendo o empoderamento feminino. No caso de Tainara, o movimento a transformou em um símbolo de resistência e luta, organizando protestos, cobrando justiça do poder público e usando sua história para intensificar a conscientização sobre o feminicídio.

Qual a principal reivindicação do movimento mulheres da várzea após a morte de tainara?

A principal reivindicação do movimento Mulheres da Várzea é a justiça para Tainara e o fim da violência contra a mulher. Elas cobram que os governantes olhem para as mulheres das periferias, implementem políticas públicas eficazes de combate à violência de gênero e não se limitem a aparecer apenas em períodos eleitorais. A memória de Tainara é usada como um marco para impulsionar a campanha “Vista Lilás” e exigir responsabilidade do Estado.

Para se manter informado sobre a luta contra a violência de gênero e apoiar iniciativas como a das Mulheres da Várzea, acompanhe as notícias e participe ativamente das campanhas de conscientização. Sua voz faz a diferença.

Fonte: https://g1.globo.com

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