Uma operação conjunta das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro resultou na prisão de 17 pessoas, incluindo Cosme Rogério Ferreira Dias, identificado como o principal articulador das barricadas utilizadas pela facção criminosa Comando Vermelho (CV). A ação, deflagrada nesta terça-feira, tem como foco a estrutura financeira da organização.

As prisões representam um novo capítulo da Operação Contenção, que visa impedir a expansão territorial do CV, a maior facção criminosa do estado. Segundo investigações da Polícia Civil, Cosme Rogério Ferreira Dias era responsável por financiar e fornecer os materiais usados na construção das barricadas, obstáculos que restringem a circulação em áreas dominadas pelo grupo, dificultando tanto as operações policiais quanto o acesso de moradores e serviços essenciais.

A investigação revelou que Cosme Rogério, que se apresentava como empresário do ramo da reciclagem, liderava o braço financeiro da facção. Ele supostamente financiava o Comando Vermelho por meio da lavagem de dinheiro proveniente da receptação de cobre, além de fornecer materiais para a construção e reforço das barricadas. A polícia o descreve como um elo crucial entre ferros-velhos e o tráfico, promovendo a integração logística e financeira da organização. Durante a operação, uma grande quantia em dinheiro foi apreendida na residência do suspeito.

Além das prisões, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 217 milhões em bens e valores, incluindo moeda estrangeira, imóveis de luxo e veículos de alto padrão. Oito ferros-velhos foram interditados, pois funcionavam como centros de lavagem de dinheiro e apoio operacional para a facção em comunidades da capital e região metropolitana. Os recursos obtidos também eram utilizados para financiar a segurança armada dos territórios controlados pelo grupo.

O Secretário de Polícia Civil classificou a operação como um “golpe direto na espinha estrutural e econômica do Comando Vermelho”. A operação se estendeu para além das fronteiras do estado, com buscas realizadas também em São Paulo e Minas Gerais.

As prisões ocorrem um dia após o governo do Rio de Janeiro anunciar a Operação Barricada Zero, um plano que visa remover mais de 13 mil pontos de bloqueios em todo o estado, desde lixeiras e entulhos até estruturas de engenharia. A ação conta com a parceria das prefeituras, e o governo estadual alertou que os territórios onde as barricadas forem recolocadas serão alvo de novas operações policiais.

A Operação Contenção, que culminou nas prisões, teve um momento crítico em 28 de outubro, quando uma incursão nos conjuntos de favelas da Penha e do Alemão resultou em 121 mortes, incluindo quatro policiais militares. A operação gerou controvérsia, com o governo estadual a defendendo como um sucesso no combate à criminalidade, enquanto o governo federal a classificou como “desastrosa”. Ativistas de direitos humanos também criticaram o alto número de mortes e denunciaram execuções. O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal, que solicitou esclarecimentos ao governo estadual sobre as ações policiais em favelas.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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