Câmeras de segurança registraram o exato momento em que um muro desabou na Rua Vieira Martins, no Brás, região central de São Paulo, ceifando a vida de três pessoas na manhã de sábado (8). As imagens, capturadas por volta das 9h, mostram um homem caminhando pela calçada com uma bolsa vermelha, seguido por outro pedestre no sentido oposto. Segundos depois, o muro desaba abruptamente.

Entre as vítimas fatais está o homem da bolsa vermelha, de 35 anos. Ele foi socorrido em estado grave e levado à Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos. Sua identidade não foi divulgada. As outras vítimas foram identificadas como Ednaldo Lopes de Souza, de 40 anos, e Kerley Afonso, de 52 anos. Ambos eram amigos e membros ativos da Unificação de Lutas por Cortiços e Moradia da Capital.

“Alegre, dedicada no que fazia e uma pessoa que pensava no futuro do filho dela”, descreveu Neurani Rodrigues, coordenadora do movimento, sobre Kerley. Marcelo, filho de Kerley, compartilhou que guardará para sempre a última conversa com a mãe, ocorrida na manhã do acidente. Kerley, que havia deixado Marília, no interior de São Paulo, buscava uma vida de artista na capital. “Ela foi mais jovem que fugiu de uma pessoa do interior de São Paulo e veio pra São Paulo tentar a vida de artista. Teve um filho sozinha, enfrentando diversas coisas… ela fazia faxina para tentar fazer um monte de coisa”, relatou Marcelo.

Ednaldo Lopes, por sua vez, é lembrado como um homem prestativo. Ele e Kerley estavam a caminho da sede da associação de moradores para instalar aparelhos de ar-condicionado. “Amigo da gente, trabalhava com a gente no movimento de moradia. Ele mora em Heliópolis e, como íamos instalar o ar-condicionado, ele se dispôs a vir ajudar”, lamentou Amália Silva, associada da Frente da Unificação de Lutas por Cortiços e Moradia.

O Corpo de Bombeiros investiga a hipótese de que um ônibus do estacionamento de veículos pesados, situado nos fundos da rua, tenha colidido com o muro, provocando o desabamento. Peritos trabalharam no local até as 16h, analisando o terreno do estacionamento, o ônibus envolvido e as condições da estrutura remanescente.

Moradores relataram que Kerley já havia alertado sobre rachaduras no muro. “O muro era rachado. A gente já tinha feito uma reclamação para a Defesa Civil, mas ninguém nunca deu atenção”, afirmou um residente local. Imagens de satélite revelam que o terreno, antes ocupado por um galpão em 2010, foi dividido em pontos comerciais em 2017 e, posteriormente, transformado em estacionamento. Desde 2021, o muro apresentava sinais de deterioração em suas estruturas laterais e superiores.

O tenente Alencar, do Corpo de Bombeiros, expressou preocupação com a estabilidade dos muros adjacentes, alertando para o risco de novos desabamentos. Uma vistoria completa será realizada na área. Os corpos das vítimas foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) do Centro. A administração municipal informou que só poderá verificar a documentação do terreno na segunda-feira (10).

Fonte: g1.globo.com

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